Essa é mais uma edição das Cartas do Submundo, onde compartilho um pouco das minhas reflexões e impressões cotidianas, meus processos com a escrita, rascunhos e muito mais através de trechos do meu diário pessoal.
a vida é curta para ser pequena
- Chacal
Ando percebendo, mesmo com algum incômodo, como é bom enxergar os lugares que não me cabem e poder me desfazer deles com prazer. Nem todos com prazer, na realidade, às vezes é difícil abrir mão de alguns incômodos com os quais estamos acostumados, o que é bem engraçado, mas a vida é um acontecimento, sabe?! Rara demais para se limitar a ser uma coisa só pra sempre e é bom poder estar em lugares e cercada de pessoas que abraçam a minha pluralidade.
A vida é curta pra não abraçar as minhas contradições.
A vida já é curta, por que fazê-la pequena também?
E o que eu quero e o que eu preciso
Nem se reconhecem quando se encontram na rua
- Black Alien (Carta pra Amy)
A vida adulta é isso: se obrigar a fazer coisas que você não quer fazer, mas precisa. É nadar contra todas as coisas que você pode fazer, mas não pode fazer porque tem outras coisas mais importantes a serem feitas antes. É um constante atropelo da vontade pela necessidade. É poder jantar um pote inteiro de sorvete, afinal você é adulto, ganha seu dinheiro, mora só e é o responsável pela sua alimentação. Mas não poder de fato porque você sabe que não vai te fazer bem, vai te encher, mas não te saciar e é uma bomba de açúcar.
É de se pensar que nós, seres humanos, temos o dom de querer exatamente aquilo que é o pior para nós mesmos priorizando o prazer, e geralmente as coisas mais prazerosas são as que menos nos fazem bem e é bem difícil dizer não pra nós mesmos, eu mesma tenho uma dificuldade imensa nisso.
Acho que, como espécie e aqui eu falo isso sem embasamento NENHUM além do tico e teco da minha cabeça, sair do modo de sobrevivência para uma vida “confortável” como temos hoje em dia em um espaço de tempo relativamente curto acaba nos deixando meio sedentos por prazer, querendo tudo de uma vez, talvez eu tenha lido algo assim em um livro uma vez, sobre nunca termos de fato saído do modo de sobrevivência. E quando digo vida confortável, é no sentido de ser bem mais cômodo viver hoje do que foi dos nossos ancestrais mais primitivos, que basicamente apenas sobreviviam. Temos vacinas, carros, robôs, delivery e cartões de crédito.
Mas ao mesmo tempo eu penso que para poder desfrutar disso tudo, não só das nossas comodidades, mas do mundo num modo geral, as vezes precisamos fazer alguns sacrifícios pensando no longo prazo, não dá pra ser só festa e hedonismo o tempo todo. Ou seja, trabalhar e vender algumas valiosas horas para o capitalismo pra ter um dinheiro pra poder desfrutar de tudo; preservar a saúde e bem estar para ter tempo, longevidade e disposição para aproveitar mais do mundo durante a vida, ou seja comer bem, dormir bem, beber água e fazer exercícios físicos.
Ser adulto é fazer o que é preciso quase o tempo todo só pra, às vezes, poder dar asas pra sua criança interior fazer o que bem quiser. É nesses momentos que o que eu quero e o que eu preciso até se cumprimentam quando se encontram na rua.
Fernando Pessoa era várias pessoas.
Gosto como história e literatura estão sempre lado a lado. A produção literária sempre vai refletir alguma coisa daquele povo, naquela época: seus anseios, sonhos, aspirações, comportamento, sua visão de presente e de futuro, suas dificuldades, sua forma de amar... É uma forma de entender como se viviam e como enxergavam o mundo.
Eu gosto muito das ciências humanas. Muito me encanta buscar respostas para as perguntas fundamentais da vida dessa maneira: lendo, interpretando, associando uma coisa à outra, conhecendo o funcionamento da sociedade em diferentes momentos. É ver o mundo através das interações e ações humanas.
Porque eu acho que é isso, né? Toda ciência, toda área de estudo busca resposta para mais ou menos as mesmas perguntas fundamentais. De onde viemos? O que há depois daqui? Como funciona a natureza? Existe algo além do que nossos sentidos humanos conseguem captar? Por que a sociedade é assim? O que me leva a pensar como eu penso, agir como eu ajo?… E cada área vai usar métodos diferentes, analisar aspectos diferentes, diferentes camadas da vida e do universo que nos cerca em busca dessas respostas.
💭 Nos vemos na próxima edição! Até lá, me conte tudo que você pensa: