Limiares da curiosidade
Cartas do Submundo #08: Um punhado de pensamentos soltos sobre a finitude da vida humana, poesia e brisas sobre ficção
Essa é mais uma edição das Cartas do Submundo, onde compartilho um pouco das minhas reflexões e impressões cotidianas, meus processos com a escrita, rascunhos e muito mais através de trechos do meu diário pessoal.
“Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia.”
(Shakespeare)
Encarno um misto de desespero e frustração quando paro pra pensar que eu nunca vou conhecer nem 1% do mundo, talvez nem 1% do meu próprio país. Quem dirá do universo?
Nunca vai haver tempo suficiente para visitar todos os museus, nadar em todas as praias, aprender todas as línguas, ler todos os livros, ver todos os filmes, conhecer todas as culturas, estudar a fundo a história e a ciência… Me entristece saber que não vou visitar todas as capitais do planeta, nem provar comidas típicas de lugares remotos, conhecer monumentos históricos e que eu vou morrer sem mergulhar com golfinhos ou visitar a maior ou a mais antiga biblioteca do mundo. É assustador que a ciência conhece mais do espaço sideral do que das profundezas do oceano e isso não importa muito, porque de qualquer maneira eu nunca vou viver uma vida longa o suficiente para estudar tudo que se encontra entre essas duas coisas, no mundo físico e metafísico.
As vezes eu fantasio com a morte e a liberdade que ela me promete. Liberdade e tempo imensuráveis, solta pelo vácuo profundo. Meu cenário pós morte ideal seria ter uma consciência livre e imaterial, que vagaria eternamente por todos os cantos do cosmos só pra poder ver tudo, dar uma curiada em toda a Criação. Tudo está lá fora e está aqui dentro, por trás do véu.
Limiares da curiosidade que anseio por cruzar, sem medo e sem distorção, apenas a liberação das amarras da carne e o retorno à unidade, à mente coletiva.
De onde vem a necessidade de contar histórias? Por que escrevemos ficção?
A ficção se iniciou como tradição oral, possivelmente com mitos e lendas usados para explicar o mundo ao redor. Inventava-se uma história para responder a uma pergunta. Creio que muitos Mitos Fundadores das religiões mais antigas começaram assim. Na Mesopotâmia, aproximadamente entre 3300 e 1200 antes da Era Comum, foi onde e quanto surgiu a escrita.
A Epopeia de Gilgamesh é um poema épico e o primeiro registro de literatura escrita que temos. Poemas épicos são poesias gigantes que contam uma história, em uma mistura de acontecimentos históricos de fato e mitologia.
Enfim, acho que a contação de histórias surgiu porque a vida material e objetiva não bastava. Uma vida só nunca é o bastante.
eu gosto de acordar cedo porque é bom ter algumas horas para viver o mundo sozinha antes de todas as outras pessoas acordarem.
o tendão de aquiles
da humanidade
é a falta de aceitação
da própria prostração
mediante a infinidade
do nosso vasto universo
e com a ignorância em riste
nos debatemos igual crianças
birrentas e tristes em
uma briga sem vantagem
contra a própria natureza
e sua grandiosidade.
é mais fácil aceitar
como um bicho irracional
que toda raça, espécie e reino
encontra cedo ou tarde
seu final
e nosso lado passional
se agarra com unhas e dentes
a esse planetinha simples
que em nome do nosso bem
deixamos cada dia mais doente,
e à essa nossa existência
cuja finitude insistimos em curar
igual doença sem sintoma,
teimamos contra a ordem
natural das coisas
pra poder prolongar
nossa estadia nesse mundo
e de fato,
a espécie mais bem sucedida
só quer viver
e está disposta a ir
até as últimas consequências
só pra poder sustentar
uma briga que perdemos
antes mesmo de começar.
é a nossa fraqueza
essa soberba
de querer eternizar
algo que não foi feito pra durar
a vida é frágil
e só um sopro,
ou um soco
ao perceber
que como qualquer animal
estamos condenados a perecer
é a ordem natural e
nossa mente de homo sapiens
entende isso muito mal.
a ignorância é sim
uma benção, afinal.
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