Ode à Ausência
um dia eu escrevi um poema sobre alguém que durante a minha vida inteira só teve sua ausência pra me oferecer.
quando a gente finalmente aprende
a se fazer na ausência,
a lidar com silêncios
que não cabem reticências,
não há presente, não há presença
e isso há muito deixou de ser abstinência,
há muito não me culpo mais pela sentença,
há muito sei da sua escolha
e por mais que as vezes ainda doa,
melhorei em lidar com a rejeição,
com o vazio da sala cheia
de poréns e de senãos
e não peço mais perdão
por ter trancado essa sala
não quando sua maior contribuição
foi a sua falta.
é que as vezes eu ainda
gosto de tocar na ferida
não que eu seja ressentida,
amargurada, nem nada
só toco para ter a certeza
que ela realmente está curada,
e normalmente ela está.
de vez em quando eu a abro
só pelo prazer de ver sangrar
e pra me lembrar
que sangrou a vida toda,
é possível que nunca vá parar,
mas apesar disso
eu vivo.
mesmo que nunca estanque,
me sustento do meu próprio sangue
e, rasgada, sobrevivo
lembrando que a minha força
vem do lugar vazio
que você nunca se deu
ao trabalho de ocupar.
e tudo bem!
você tem a sua vida pra cuidar,
e eu nunca precisei
da sua voz pra me reclamar.
na sua ausência me fiz forte,
dei a mim mesma
o meu próprio norte
e apesar de carregar seu nome,
eu nunca fui sua.
tudo que sou, é meu,
minha doçura e amargura.
hoje eu sei bem lidar
com essa ferida que não tem cura.
Entendi tudinho... Sei do quanto e está falando e achei lindo em palavras
Compartilho com louvor
👏👏👏👏👏👏