Tudo que não foi dito
Poesias Selvagens #02 - Sobre as falas que às vezes entalam na garganta
tudo que não foi dito
se transformou nesse labirinto
de caminhos que eu trilho
alimentando a tola fé
de que eu não estou perdido.
mas é tudo tão ambíguo,
nada é definitivo
e há muito eu já nem ligo
se vou ou não ser entendido,
é por isso que eu não digo
o que vem me deixando aflito
e cozinhar esse conflito
faz sumir o meu juízo.
tudo que não foi dito
ainda paira no infinito.
Algumas notas:
Eu sempre fui uma pessoa com dificuldade de me expressar, de falar as coisas que eu pensava e expor as coisas que eu sentia. Encontrei na escrita uma alternativa: escrever todas as coisas que eu não conseguia falar. Por bastante tempo eu tive dificuldade em expor também as minhas poesias porque me sentia pelada, desnuda, nua, em pelo toda vez que alguém me lia.
Ainda estou aprendendo um pouco a me distanciar do meu texto e tentando entender que essa coisa de ser artista é meio assim mesmo, deixar tudo escancarado pra quem quiser ver. Juro que ainda vou conseguir lidar bem com isso um dia (ou não).
Esse poema fala um pouco disso, ainda que escrito num contexto específico, acaba se encaixando nesse quadro geral. Falem as coisas, povo! O outro não é responsável por um problema ou incômodo que ele nem sabe que existe. Por mim, por você, por todas as pessoas que têm essa mania de engasgar com as palavras que deixam de dizer: fale.
“Ah, mas fulano vai achar ruim”, fale.
“Ah, mas vai causar uma briga desnecessária”, pois fale.
“Ah, mas e se beltrano ficar magoado?”, tenha papas na língua, mas não deixe de falar.
Quando você fala o que precisa ser dito, você se mantém fiel à você, acho que isso importa mais do que conexões com pessoas que não respeitam seus incômodos ou não têm tempo para ouvir o que você tem a dizer. Ter alguém que nos ouça é imprescindível, não troque isso por nenhuma paz fajuta superficial porque o O Rappa já avisava que paz sem voz não é paz, é medo.
Ao falar abertamente, libertamos as outras pessoas de tentar preencher lacunas e retiramos os grilhões da expectativa. Falar acende luzes, por isso vivemos perguntando se estamos sendo claros? E-luz-se-dar (elucidar).
Muitas vezes é na verborragia que encontramos algumas verdades das quais ainda não havíamos nos dado conta. Faço isso com muita frequência quando escrevo e tenho experimentado algumas epifanias ao falar abertamente sobre o que penso e sinto. Seria essa a magia da terapia? Falamos e falamos com outra pessoa só pra conseguir nos ouvir?
Enfim a moral da história é: hablemos mais.
Grande beijo ‘3’
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