Tá, mas quem te perguntou?
Uma resposta sem pergunta, um causo curto de realismo fantástico e alguns tweets.
Em uma edição mais ou menos recente desta newsletter, falei sobre não gostar de tirar cartas para mim mesma ou me consultar com outras cartomantes. Prefiro não saber da minha vida pelas cartas, e tudo bem.
Nessa mesma edição, eu fiquei de contar um causo muito curioso que me aconteceu: receber uma mensagem das cartas sem procurar, algo que caiu do céu mesmo. É uma história que me intriga até hoje e, na época até cheguei a falar sobre ela no meu twitter de tarot e um pouco no meu instagram, segue o fio 🧶 mas antes confira se você já é subscritor das notas da babilônia:
O fato é que quando o cosmos quer me enviar um recado, ele não tem a paciência de esperar eu procurar alguém que o leia pra mim, os sinais chegam sem sutileza alguma.
Em 2022, entre o final de novembro e o começo de dezembro, poucos meses após a minha mudança para uma casa nova, três cartas de baralho simplesmente me encontraram.
A primeira, um 3 de copas, apareceu na rua da minha casa. Encontrei-a bem na esquina, ao voltar do serviço uma noite. Era coincidência demais. Pensei: “Caraca, que doidera! Vou ter que guardar essa carta.”, guardei e ficou por isso mesmo.
Avance alguns dias, para o dia 25 de novembro, quando fui visitar a casa da minha mãe. Na volta, no caminho para o ponto de ônibus, encontrei o 8 de espadas. Eram de baralhos tradicionais, porém de marcas diferentes, até os padrões dos fundos das cartas eram distintos.
Fiquei BEM impressionada, eu já tinha passado por situações de forte intuição, de entender sinais e de me deixar levar pelo meu instinto, mas aquilo era a coisa mais direta que havia me acontecido. Minhas experiências anteriores foram sonhos que se provaram premonições, pressentimentos fortes e pensamentos incisivos que mais tarde ou se concretizaram ou fizeram sentido como conselho, mas aquilo era diferente. As cartas estavam sendo deitadas na minha frente e não era pelas minhas mãos. Por mais que estivesse um pouco assustada, estava também deslumbrada que aquilo estivesse acontecendo.
Eu não conseguia entender muito bem o que aquelas cartas estavam querendo me dizer e no começo tentei não pensar muito nisso, até mesmo para evitar alguma interpretação tendenciosa da minha parte.
O que eu sabia até esse momento era que havia uma situação na qual eu estava ou estaria voluntariamente presa, alegre em meu “cárcere”. Não sabia se era uma previsão, um alerta ou um conselho, não sabia em que área da minha vida aquilo se aplicava. Eram duas cartas de número, quase como uma oração sem sujeito e sem verbo.
Eu não conseguia associar ao que exatamente aquelas cartas se referiam, até o dia em que uma terceira carta apareceu pra mim, ou melhor, me foi entregue.
No dia primeiro de dezembro, recebi uma visita em casa: um amigo que trabalhava como motoboy na época e, por isso, ele sempre estava em muitos lugares diferentes, passava por inúmeras ruas em um único dia. Fazia tempo que não nos víamos e, naquele dia de folga combinamos de ele me visitar para tomarmos umas cervejas e colocarmos o papo em dia.
Quando ele tirou a mochila e a colocou no chão, a carta caiu do bolso lateral. Tentei disfarçar o meu entusiasmo para não parecer maluca. Perguntei se ele tinha algum baralho na bolsa e questionei sobre a carta no chão. Ele disse que não estava carregando nenhum baralho e não fazia ideia de como aquele valete de ouros havia ido parar dentro da mochila dele. Meu amigo não deu muita atenção e eu discretamente guardei a carta para mim.
Por dentro, estava efervescente, ansiando pelo momento de juntar as pecinhas desse quebra-cabeças bizarro e ver o que ele tinha para me dizer.
3 de copas + 8 de espadas + valete de ouros
Essa era a minha resposta. Mas qual era o diabo da pergunta?
Agora nós tínhamos um sujeito nessa oração. Cartas da corte (reis, rainhas, pagens e cavaleiros) geralmente representam pessoas no jogo, podendo ser o próprio consulente ou alguém de fora, a depender da pergunta e das cartas que acompanham.
Coloquei minha cabeça para funcionar e tentar extrair o máximo de informações possíveis daquelas cartas, principalmente do valete porque sentia que se conseguisse desvendar quem era aquele valete, eu entenderia com mais clareza as outras duas cartas. Eu gosto de usar o elemento correspondente ao naipe para relacionar algum signo ou característica marcante do indivíduo, nesse caso ouros corresponde ao elemento terra. O valete geralmente representa um homem, possivelmente mais novo que eu, ou com uma personalidade imatura e infantil. Não havia ninguém na minha vida com essas características. Eu não sabia qual era a pergunta que esse jogo respondia, mas a combinação dos dois números me fez optar por uma postura de alerta.
Qual não foi a minha surpresa quando, uma ou duas semanas depois, tive notícias através de terceiros e uma tentativa de contato de um ex namorado (taurino, por sinal) com quem eu não falava desde o término, quase um ano antes?!
Fiquei estarrecida e sem entender muito bem porquê o universo quis me comunicar justamente aquilo – que, aliás, não deu em mais nada. De fato, havia sido um relacionamento bem prejudicial para mim, do qual eu tive bastante dificuldade para me desprender (a “alegria no cárcere” que os números me mostraram), mas havia acabado há quase um ano!
Fiquei sabendo de algumas fofocas sobre como estava a vida do sujeito, ouvi que estava sentindo a minha falta, mas naquela época eu já estava em outra então acabou ficando por isso mesmo. Estaria o universo cuidando de mim, me alertando para que eu não corresse o risco de uma recaída? Tratando de me lembrar das coisas ruins para manter esse des-querido na minha lista de personas non-gratas? Longe o suficiente para ele nem cogitar colocar seus tentáculos na minha vida novamente? Nunca saberemos.
Essa pode não ser uma história com um desfecho TÃO eletrizante assim, mas é um dos principais motivos que me fazem ter certeza de que ler as cartas é parte de mim, parte do meu propósito nesta vida e me traz a certeza de que, mesmo que eu não busque, as respostas me encontrarão de alguma forma e eu vou entender mais cedo ou mais tarde. É parte do motivo de eu me encantar tanto pela Arte.
É também algo que me intriga profundamente até hoje, um causo muitíssimo curioso, digno do livro de realismo fantástico que eu talvez escreva um dia.
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💭 Nos vemos na próxima edição! Até lá, me conte tudo que você pensa:
De arrepiar essas cartas aparecendo “do nada”…